terça-feira, 8 de março de 2016



VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Bullying: bullying valentão

O bullying termo inglês que, segundo a Wikipédia, é “usado para descrever ato de violência física ou psicológica, internacionais e repetidos, praticado por indivíduos (bully ou valentão) ou grupo de indivíduos, com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz (es) de se defender”.
         Se o nome é novo para nós, a prática é antiga, agora proibida por lei (2016).
         Provavelmente foi inventada com a inauguração da primeira escola, ambiente onde os “bullies” encontram campo fértil de vítimas a achincalhar.
         Para quem olha de fora, as razões desse achincalhe são as de sempre: diferenças étnicas, religiosas, culturais e sexuais.
         No fundo, entretanto, vale a pena recorrer ao lugar-comum de que todo valentão é inseguro por natureza, e é por isso que costuma agir em bandos.
         No Brasil, o maior tratado sobre o bullyng foi escrito no final do século 19, mais precisamente em 1888, muito antes da palavra chegar por aqui. Refiro-me ao romance O Ateneu, de Raul Pompéia, misto de ficção e memória que trata do dia a dia num internato do rio de Janeiro. Sérgio, o protagonista-narrador, tem apenas 11 anos quando é conduzido até os portões do colégio.
         “Vais encontrar o mundo”, diz o pai, numa frase indispensável à interpretação da obra. “Coragem para a luta”.
         Daí pra frente, entramos numa espécie de castelo dos horrores onde a razão de ser dos estudantes mais velhos é humilhar aos mais novos, nisso incluindo o deboche, a agressão física e a violência sexual.
         Sérgio está sozinho, à mercê da própria sorte, não pode contar com o socorro de Aristarco, o diretor dinherista, muito menos com os professores relapsos.
         Como um animal que precisa sobreviver À lei da selva, aos poucos se transforma numa criatura rancorosa e cruel.
         “Tornei-me um bicho ruim”, diz à certa altura do relato.
         Criado à imagem e semelhança dos seus próprios carrascos, busca vingança pelo que sofre e, tão logo encontra oportunidade, começa a maltratar os que estão nas camadas inferiores da “cadeia alimentar”. Sim, a tendência é de que as vítimas se tornem algozes. E a escola, como bem advertiu o pai de Sérgio, é de fato uma transfiguração do mundo, mas por se mostrar o palco propício a toda sorte de injustiças, covardias e danações.
         Uma vez dentro do círculo vicioso de agressões, sejam elas físicas ou verbais, não há mais como sair. Ou você vai até o fim e torna-se um fomentador da tiraria, ou para em meio caminho e parece sob as botas dos mais fortes.
         É o bullying problema realmente grave: Se encarada do ponto de vista das vítimas, é claro que a resposta será sim. Entretanto, é fácil supor que as consequências não são nefastas apenas para o indivíduo, mas também para a sociedade.
         Daí a importância de aproveitar a pauta para discutir e – tentar – resolver o problema. Como demonstra o romance de Raul Pompéia, esse tipo de história sempre acaba num incêndio. (LM jornalistaleo@radiosentinela.com.br     www.radiosentinela.com.br – 14-08-2013)

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