VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
Bullying: bullying valentão
O bullying
termo inglês que, segundo a Wikipédia,
é “usado para descrever ato de violência física ou psicológica, internacionais
e repetidos, praticado por indivíduos (bully
ou valentão) ou grupo de indivíduos, com o objetivo de intimidar ou agredir
outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz (es) de se defender”.
Se
o nome é novo para nós, a prática é antiga, agora proibida por lei (2016).
Provavelmente
foi inventada com a inauguração da primeira escola, ambiente onde os “bullies” encontram campo fértil de
vítimas a achincalhar.
Para
quem olha de fora, as razões desse achincalhe são as de sempre: diferenças
étnicas, religiosas, culturais e sexuais.
No
fundo, entretanto, vale a pena recorrer ao lugar-comum de que todo valentão é
inseguro por natureza, e é por isso que costuma agir em bandos.
No
Brasil, o maior tratado sobre o bullyng
foi escrito no final do século 19, mais precisamente em 1888, muito antes da
palavra chegar por aqui. Refiro-me ao romance O Ateneu, de Raul Pompéia,
misto de ficção e memória que trata do dia a dia num internato do rio de
Janeiro. Sérgio, o protagonista-narrador, tem apenas 11 anos quando é conduzido
até os portões do colégio.
“Vais encontrar o mundo”, diz o pai,
numa frase indispensável à interpretação da obra. “Coragem para a luta”.
Daí
pra frente, entramos numa espécie de castelo dos horrores onde a razão de ser
dos estudantes mais velhos é humilhar aos mais novos, nisso incluindo o
deboche, a agressão física e a violência sexual.
Sérgio
está sozinho, à mercê da própria sorte, não pode contar com o socorro de
Aristarco, o diretor dinherista, muito menos com os professores relapsos.
Como
um animal que precisa sobreviver À lei da selva, aos poucos se transforma numa
criatura rancorosa e cruel.
“Tornei-me
um bicho ruim”, diz à certa altura do relato.
Criado
à imagem e semelhança dos seus próprios carrascos, busca vingança pelo que
sofre e, tão logo encontra oportunidade, começa a maltratar os que estão nas
camadas inferiores da “cadeia alimentar”.
Sim, a tendência é de que as vítimas se tornem algozes. E a escola, como bem
advertiu o pai de Sérgio, é de fato uma transfiguração do mundo, mas por se
mostrar o palco propício a toda sorte de injustiças, covardias e danações.
Uma
vez dentro do círculo vicioso de agressões, sejam elas físicas ou verbais, não
há mais como sair. Ou você vai até o fim e torna-se um fomentador da tiraria,
ou para em meio caminho e parece sob as botas dos mais fortes.
É
o bullying problema realmente grave:
Se encarada do ponto de vista das vítimas, é claro que a resposta será sim.
Entretanto, é fácil supor que as consequências não são nefastas apenas para o
indivíduo, mas também para a sociedade.
Daí
a importância de aproveitar a pauta para discutir e – tentar – resolver o problema.
Como demonstra o romance de Raul Pompéia,
esse tipo de história sempre acaba num incêndio. (LM jornalistaleo@radiosentinela.com.br www.radiosentinela.com.br
– 14-08-2013)
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