quarta-feira, 11 de novembro de 2015



INFÂNCIA

Dias de sol suave, de coloridos mansos, quando o verde dos matos é o mais fresco e cheiroso e pássaros piam no esconderijo das árvores!
Vem a minha memória o tempo de menino, a casa em que eu morava e o mato que havia em frente, meu irmão ia comigo buscar o coquinho selvagem, que em cachos fartos pendia das palmeiras espinhosas.
Havia brejos, pontiagudos de caniços, espelhando o sol vertical nas águas lodosas.
Armávamos arapucas para as saracuras.
O saci-pererê morava nesse mato.
À noite vinham conversas monótonas de sapos e pios impressionantes de inexplicáveis animais.
Dormimos sonhando com aparições.
Mas na manhã seguinte, ao sol quente, íamos de novo apanhar saracuras, sem pensar mas nos terrores noturnos da véspera, esquecidos do saci-pererê.
Ó tempo de menino! Ó meu irmão que morreu menino! Texto de Ribeiro Couto: Um Homem na Multidão. Seleção do Jornalista Léo. (LM jornalistaleo@radiosentinela.com.br  www.radiosentinela.com.br 11-11-15)

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