CONTINUAÇÃO – Os repórteres Leonardo Coutinho e André Liohn, apuraram
e publicaram na Revista VEJA, que o CRACK é droga barata, feita de
pasta-base de coca, bicarbonato de sódio e amônia, quando inalada, leva à
produção no cérebro de quatro vezes mais dopamina (um hormônio que dá
sensação de prazer) do que a cocaína.
Quatro em cada dez dependentes de crack têm endereço
fixo. Não são, ainda parte daquela multidão de andarilhos que vemos nas
ruas, pele e osso, maltrapilhos, com o olhar petrificado.
O crack está destruindo famílias, jogando no lixo
décadas de estudo de suas vítimas e produzindo uma geração dickensiana de
órfãos de pais vivos, abandonados em “lares sociais” para ser criados pela
caridade dos outros.
Muitos são filhos da classe média que, não fosse pelo
crack, estariam
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de mãos dadas com o pai ou a mãe indo para a escola ou
aprendendo a andar de bicicleta nos parques nos fins de semana.
Oito em cada dez crianças abandonadas são filhas de
dependentes químicos. Milhares de brasileiras engravidaram sob o efeito do
crack, gestaram seus bebês drogadas e agora lutam contra o vício para não
perderem seus filhos.
São mulheres como a ex-estudante de pedagogia Lígia
Carvalho Fiochi, de 34 anos de São Paulo. A reportagem de VEJA acompanhou
Lígia durante pouco mais de cinco meses, começando três meses depois de ela
dar à luz Lethicia. O embate entre o desejo de cuidar da filha e a vontade
por diversas vezes incontrolável de usar a droga que a afasta do instinto
materno é uma síntese do que enfrentam diariamente muitas outras mães
brasileiras. Continua.
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