As emissoras do interior representam verdadeiras
casas de caridade. Dedicam de corpo e alma suas atividades ao bem estar da
comunidade. 60% de serviços são para atendimento de pedidos de utilidade
pública da população, sem condições de ressarcimento de custos.
Quando muito, quem tira proveito são os políticos
que buscam retorno eleitoral.
E olhe lá! Político não pode ser dono de rádio;
mas quantos deles não tem uma, ou até rede; no mínimo são parceiros de uma
emissora.
Alguns exemplos
O jornal “A Tarde” de Salvador, BA, artigo de Katherine Funke –
analisa, escreve e explica.
Fonte de permanentes prejuízos financeiros, segundo os donos,
emissora serve para manter imagem favorável.
“Rádio no interior só dá duas alegrias: uma no dia que monta e outra
no dia que vende. O custo de manutenção delas é muito superior ao ganho. Eu
boto dinheiro todo mês para manter”, desabafa o deputado federal José Rocha
(PFL – BA), que se diz (“doido para vender” suas rádios em Santa Maria da
Vitória.
Como ele, a maior parte dos políticos que são donos de rádios no
interior reclamam do parco retorno comercial. Mas poucos querem abrir mão
do que dizem ser um negócio ruim.
O retorno, afinal, vem de outra forma: votos para si e amigos nas
eleições. E a manutenção de opinião pública favorável na comunidade.
“Ajudou a manter meu nome na região. Por dinheiro nenhum me desfaço
dela”, conta o deputado estadual Jurandy Cunha Oliveira (PRTB), sobre a
Rádio AM que tem
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em Ipirá. “Não vou dizer que me
elegeu, mas ajudou, sim”, diz, com uma sinceridade rara entre os políticos
ouvidos para esta reportagem.
Outro deputado estadual foi
sincero, mas pediu sigilo do nome. “É claro que ter uma rádio no interior
amplia nossa presença política. Só de não falar mal da gente já ajuda a
manter a imagem”, disse, emendando em seguida, entre risos: “É claro que
você não vai dizer que fui eu quem disse isso”.
Mesmo aqueles que não têm programa
nem interferem na política editorial da empresa encontram uma forma de
usá-la para divulgar o próprio nome. O vice-prefeito de Jaraguari, Alberto
José Nunes de Sá, por exemplo, grava mensagens de datas comemorativas
(Natal, Dia das Mães etc).
Segundo ele, sua RÁDIO, A Jaraguari
FM, abrange “uns 400 mil eleitores” em 20 municípios.
SUCESSO – Há quem tenha encontrado
na Rádio de interior um bom negócio.
O exemplo mais forte é Nobelino
Dourado Filho, deputado estadual na década de 70. Dono de duas rádios em
Irecê, lembra que “pegou” as emissoras “com ajuda de ACM, que na época era
governador”. “Eu era deputado e achei que era importante levar informação
para o interior”, conta.
Uma das emissoras, a FM Caraíbas, é
a 34ª mais acessada via internet do país, segundo o site comercial
Rádios.com.br.
Orgulhoso do resultado, Nobelino
afirma que a rádio transmite notícias da região, fornece preços de insumos
agrícolas e meteorologia. Leopoldo Miglióli – Jornalista
Léo.
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