terça-feira, 18 de novembro de 2014

SAIO DA VIDA PARA ENTRAR NA HISTÓRIA (01)
Mudando de ideia, que era de entrar de licença por 30 dias, Getúlio Dorneles Vargas, redige sua carta tresloucada de decisão de suicidar-se.
E finda com estas seis amargas palavras:
Saio da Vida para Entrar na História.

Foi logo depois da fatídica reunião que varou noite adentro. Os ministros de Estado presentes decidiram pelo seu afastamento do cargo de Presidente da República. Resposta: só morto!
“Getúlio recebe abraços e retira-se para seus aposentos no Palácio do Catete. Entre outras acusações, o atentado ao jornalista Carlos Lacerda, pesava mais. Havia sido atingido com tiro na perna, em Copacabana, ao retornar a casa de comício, às 3h30m.”
O suicídio – às 8h25m Getúlio se suicida, com tiro no peito. Às 09h15min o mundo toma conhecimento da morte do então Presidente da República, através da Rádio Nacional – Programa de radiojornalismo: Repórter ESSO.
Heron Lima Domingues, o maior repórter da história do Brasil, anunciava a desgraça com estas palavras:
-Amigo ouvinte do Repórter ESSO, atenção... Muita atenção!
E largava a melancólica mensagem de Getúlio Vargas: escrevera minutos antes. A nação perplexa se assusta e começa a mobilizar-se.
A Carta Testamento
“Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam, insultam; não me
combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.” Continua – Leopoldo Miglióli, Jornalista Léo.

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